« Home | Notas de uma aula enfadonha » | (mark shields, limiar do bosque) » | [Poesia] Canto de Mim Mesmo » | [Poesia] O mar é uma coisa » | [Colírio] "Mu-lhé macia" » | [Esporte] Muhammad Ali » | [Esporte] Boxe Francês (boxe française) » | [Poesia] LEAVES OF GRASS » | Canção dos Tolos » | Pan no Rio de Janeiro »

Outra aula deveras entediante



ANSEIO


Quem sou eu, neste ergástulo das vidas
Danadamente, a soluçar de dor?!
-Trinta trilhões de células vencidas,
Nutrindo uma efeméride inferior.

Branda, entranto, a afagar tantas feridas,
A áurea mão taumatúrgica do Amor
Traça, nas minhas formas carcomidas,
A estrutura de um mundo superior!

Alta noite, esse mundo incoerente,
Essa elementaríssima semente
Do que hei de ser, tenta transpor o Ideal...

Grita em meu grito, alarga-se em meu hausto,
E ai! como eu sinto no esqueleto exauto
Não poder dar-lhe vida material!

(Augusto dos Anjos)